Diferentes ou iguais?
Da terra viemos, para ela retornaremos. Essa frase nos remete a pensar que todos somos feitos de uma única matéria, gerados dentro de um útero, onde foram desenvolvidos todos os órgãos necessários para a vida. Todos, um dia, iremos abandonar esse corpo, e iremos para o mesmo lugar, a terra.
Então, vem à seguinte pergunta, somos todos iguais? Sim, somos todos iguais comparados à forma que se deu nossas vidas, porém, cientificamente e emocionalmente falando, não existe um único ser humano idêntico a outro. Somos seres únicos, singulares, de feições diferentes, tipo sanguíneo diferente, gosto, vontades, desejos e sonhos únicos. Podemos até encontrar pessoas que compartilham do mesmo interesse, mas nunca será igualmente parecido.
Agora, se somos todos diferentes, porque não conseguimos aceitar a diferença do outro? Porque geralmente, ou, quase sempre, usamos essa diferença para transformar nosso semelhante em motivo de chacota, ridicularizando e humilhando? Será que você se esquece que também é diferente? Que nem por isso foi humilhado pela sua diferença? E se foi, porque pagar esse feito, com a mesma moeda? Se foi triste para você, qual a alegria de ver essa tristeza no rosto de outros? Se você não consegue respeitar a diferença do outro, você não respeita nem a si próprio, pois ele é igual a você, um ser humano.
No filme, Um sonho possível, um dos personagens é chamado pelo apelido “Big Mike”. Todos o chamavam assim. Um certo dia, devido o garoto ser muito isolado, a pessoa que acreditou nele, lhe fez a seguinte pergunta: - Me diga algo sobre você que eu precise saber. Ele respondeu: - Não gosto de ser chamado de Big Mike. Imagine-se em um lugar onde ninguém lhe respeita. Onde as pessoas te olham torto, te acha estranho e riem de você. Não seria constrangedor? Pois é exatamente assim que essas pessoas, tidas como diferentes, se sentem. Constrangidos, humilhados, apenas por serem eles mesmos. E muitas vezes, não dizem como se sentem, pois ninguém quer saber, apenas se divertir as suas custas. Se fosse possível a troca de papeis, talvez essa prática seria abandonada.
Você não precisa concordar com a opção sexual de alguém, ou do tipo de roupa, ou grupo que freqüenta, nem freqüentar uma religião da qual não concorda com os preceitos. Mas o que você pode é respeitar as escolhas dessas pessoas, assim como as suas são respeitadas. As escolhas delas não afetam a sua vida em nada, e se afetar é porque aquela pratica te incomoda tanto, que tem medo de você mesmo começar a praticar. É não se aceitar e atacar o outro por agir ou ser daquela forma. Porque você tem deixado sua vida de lado para tomar conta da vida alheia? O outro é capaz de se cuidar sozinho, não se preocupe. Seja apenas gentil, isso não custa dinheiro, custa apenas boa vontade, conscientização.
Muito desse tipo de atitudes despertam nos “diferentes”, atitudes como de Wellington, aquele jovem que assassinou friamente 12 crianças, e feriu varias outras. Atentei-me para o fato de ter poupado a vida daquele menino, o qual chamou de “gordinho”. Ele se identificou com o garoto, pois em sua época de criança, uma criança parecida com aquele menino, foi o único que o tratou com dignidade, com respeito. A falta de respeito pode provocar a morte. Não podemos deixar que casos como esse, venham a se repetir. Nesse caso, o Jovem também apresentava problemas mentais, porém, não precisamos ir muito longe, basta entrar no you tube, e ver o quanto de agressões existem por este mesmo motivo.
Um exemplo. Eu estava parada no semáforo. Assim que abriu, ainda havia pedestres terminando de atravessar a rua quando o motoqueiro que estava a minha frente (nada contra os motoqueiros, porque também sou uma), acelerou com toda força, empinando a moto para cima daquelas pessoas. Fiquei em choque por alguns minutos, sendo acordada pela buzina do motorista que estava atrás de mim. Felizmente, ninguém se feriu, mas fiquei pensando o que levou aquele moço a ter uma atitude agressiva àquela hora da manhã? Ele poderia, sim, ter ferido alguém, e propositadamente. Eu não sei da sua vida, e nem o que tem passado no seu dia a dia, mas com certeza, não tem recebido muitas atitudes de gentileza. A impressão que me dava é que queria, realmente, jogar em alguém, a raiva que estava por dentro.
Tudo isso que escrevo é para chamar a atenção para algo muito importante. Tolerância. Ser tolerante evita inúmeras atitudes catastróficas. Cuide de você, e de quem você ama. Pratique a gentileza. Estamos desacostumando a ter tal atitude. Na correria do dia a dia esquecemos ou achamos desperdício de tempo sermos gentis. Cuidar da saúde psicológica é tão importante quanto cuidar da saúde física. Uma é sustentada pela outra, e uma pode provocar o aparecimento da outra. Fique atento, cuide-se. Não guarde rancor, ódio. Converse, nada melhor que uma boa conversa esclarecedora. Sorria. Elogie. Não seja tão áspero, lembre-se da paciência. Faça pelos outros o que gostaria que fizessem para e por você. Assim, você nunca vai errar. Porque esse outro é seu semelhante, feito da mesma matéria que você.